Afasta de mim esse kit
do Estadão
Roldão Arruda
Roldão Arruda
Os militantes gays do PSDB, agrupados no secretariado provisório da Diversidade Tucana,
estão preocupados com campanha eleitoral em São Paulo. Eles não querem que o
partido utilize o polêmico kit gay para atacar o candidato petista, o ex-ministro Fernando
Haddad.
“O PSDB não pode cair na armadilha dos grupos religiosos mais conservadores”, diz
o presidente do núcleo, Marcos Fernandes. “Esse tipo de campanha só estimula a
homofobia.”
Nas conversas com a cúpula tucana, Fernandes tem dito que o PSDB não pode jogar
seu passado no lixo: ”Nosso partido foi pioneiro no combate à discriminação e José
Serra sempre se destacou nessa questão. Se o PSDB ceder às pressões dos
políticos evangélicos, vai repetir o erro de Marta Suplicy na campanha de 2008.”
Para quem não lembra, na época a petista lançou uma propaganda que punha em
dúvida a conduta pessoal do então candidato Gilberto Kassab, enfatizando que
não era casado. “Até hoje Marta não se recuperou dos danos que isso causou à
imagem dela”, afirma o líder da Diversidade.
O kit gay é o nome com o qual ficou conhecido o material pedagógico que seria
utilizado em escolas públicas com o objetivo de iniciar a educação das crianças
sobre questões que envolvem a homossexualidade. Produzido por uma
ONG, com recursos do Ministério da Educação, na época em que Haddad era
ministro, o material foi bombardeado pela bancada evangélica no
Congresso. Pressionada, a presidente Dilma Rousseff determinou o
engavetamento do projeto.
O objetivo dos evangélicos é atribuir a Haddad a responsabilidade pelo kit e
afastar dele o eleitorado mais conservador – a mesma tática que usaram
contra Dilma, na campanha presidencial de 2010. Na ocasião tentaram
colar nela a imagem de defensora do aborto.
O pré-candidato a prefeito José Serra sempre foi defensor dos direitos dos
homossexuais, segundo os militantes. Em manifesto sobre o assunto, a
Diversidade Tucana destaca que, à frente do Ministério da Saúde, o
pré-candidato a prefeito de São Paulo deu ênfase às parcerias com
o movimento de defesa dos direitos dos homossexuais na luta contra
Aids. Mais tarde, na Prefeitura de São Paulo, criou a Coordenadoria
de Assuntos da Diversidade Sexual. Repetiu a dose ao chegar no
governo do Estado, com a Coordenação de Políticas Públicas para a
Diversidade Sexual, vinculada à Secretaria de Justiça. Também
patrocinou a 1.ª Conferência Estadual LGBT de São Paulo e instalou o
Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais.
Quem é
Fernandes é funcionário público, formado em filosofia, e pré-candidato
a vereador em São Paulo. Está organizando núcleos da Diversidade
Tucana em diversas partes do País. Com o apoio do presidente
da legenda, Sérgio Guerra, seu objetivo é ganhar força para
criar uma secretaria em caráter permanente. Já existem núcleos
organizados em São Paulo , Goiás e Pará. Os próximos a
serem oficializados devem ser os do Espírito Santo, Minas e Rio
de Janeiro.
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